quarta-feira, 2 de julho de 2014

Manual inoperável de gestão comportamental IV

ofereço as flores
que me sobram
para que dances
com o que resta
de mim
e procuro uma casa
para voltar depois
de acabar a noite.

os animais  conduzem
o corpo pelo espaço
e preenchem-me o colo
com a electricidade
desconexa e sanguínea.

deito permanganato de
potássio sobre o  flanco
em ferida e espero que
o tempo. o sangue corra
para fora dos dias inteiros
e fragmente o silêncio
que escapa de entre os
dentes.
fecho a camisa com
cuidado para não manchar.
canto para dentro da noite
que já é só minha,
como as palavras que
encharcam o tecido
e apertam o elástico
para que
a velocidade
o silêncio e a voz e o barulho
e as tuas mãos dentro dos braços,
do peito, das veias, das cartas por
abrir
me apertem o tronco e acabem
pelo menos uma vez com
tudo o que ainda há entre a
roupa e a pele, entre o metal
e o líquido e o sangue e o calor;
a ignição de um órgão inacabado.

o amor não são palavras compridas
e eu já nem sei amar tão-pouco.