sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

the inconvenient lettuce



and suddenly
a smile;
a conceptual
experience of
love and
consternation. 

a broken windmill;
the ramshackle
condition of my
hands revealing
the inability to
embrace;
to flourish like
phoenix
again
and make
death trustworthy.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

bossanova


um coração partido
já não dança, já não
abraça, já não procura
nos olhos a verdade
sobre o silêncio.
é uma música desajeitada
para ninguém. um auditório
vazio e desarrumado
a fazer eco durante a noite.
um café vazio e o som
do exterminador de insectos;
os lábios de dentro para fora,
como o gume de uma canivete partido. 


escutamos as palavras
todas, o conforto da guitarra
sobre o rosto enternecido
dos transeuntes;
e chega o dia em que o sorriso,
o abraço, os olhos pequenos
que sobram, já não servem,
como as garrafas de plástico
vazias que andam
à deriva e chegam à costa
como um estorvo;
um resto urbano
nas margens do silêncio.
um resíduo  decrépito
que se leva para longe
porque ocupa o espaço
concreto da
incólume beleza do mundo.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Plasmólise



O poema endógeno;
o amor de um deus
que não passa recibos;
não pede abraços
em casas de alterne.
o barulho ténue desta
agulha de vertigem
que me aconchega
enquanto tiro a camisa
rasgada e abro a torneira
da água quente.

sou o moço de recados
da desordem; operador
de consoantes inférteis;
traficante de quotidiano
e sumo de limão.