sexta-feira, 21 de março de 2014

Colmeia vazia

gostava de saber o teu nome
a tua voz perdida numa morada
qualquer e eu sozinho para sempre
numa cozinha antiga com um tacho
ainda ao lume - ainda as entranhas
do meu pai, dos meus avós a cozinhar
em lume brando porque o tempo
se encarrega de fechar os armários
ainda com corpos, restos de corpos
a decompor a madeira - caruncho -
o meu coração com buracos de onde
verte o sangue; a voz, a cascata em
que o teu nome, o teu sorriso que
nunca,
as tuas mãos a recortar o peito onde
antes o teu olhar adormecido;
uma espécie de felicidade.

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