quinta-feira, 23 de junho de 2016

culinária para principiantes



caio na indefinição
do medo. as janelas
fechadas por dentro
e o corpo dobrado
no centro da sala
com os braços
esticados sobre
uma ausência
permanente.
o olhar perdido
numa luz hiper-real
que faz o silêncio
parecer mais fácil;
o desespero, a
urgência da morte,
o braço perfurado
e as vozes por dentro
da boca semi-cerrada.
faz tudo parecer kitsch
e pós-moderno.
a inércia do corpo,
a sujidade acumulada
por dentro do coração
que já não interessa
limpar. é importante
acreditar nesta voz
por dentro do crânio
que sai de uma caixa
com luzes e homens
de sucesso, com gravatas
de seda italiana, que
se mascaram de mim:
aprendem o desespero
recreativo como forma
de subsistência. 

ocupo um espaço
em que o sofrimento
não se ensina. é uma
estética egoísta que se
perde para sempre
num cadáver maquilhado
fechado numa gaveta fria.

subverto o tempo e reciclo
as palavras vazias; legendas
que traduzem a estática
de um poema inútil.












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