terça-feira, 17 de junho de 2014

Capitular


o peso das mãos
sobre a cama onde
os insectos; as unhas
desagregadas se enrolam
no cheiro da carne em
decomposição.
os lábios cheios de sangue
e os olhos fechados para
não explicar o desespero
de estar, de ser, só. 

corrige-me a postura;
a posição dos dedos
dentro da boca à procura
de acabar a noite com
a cabeça dentro da sanita
e o coração no fundo do
estômago reduzido a um
silêncio de morte,
suco gástrico
e movimentos peristálticos.
as costas da mão com
o peso vazio de não
servir de apoio a
ninguém. 

os insectos perdidos
a recortar a madeira
em forma de árvore
como se o tempo
dançasse e as palavras
se misturassem na
língua para dizer
que, afinal, não sei
morrer assim.  
não posso. 

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