quarta-feira, 29 de julho de 2015

destilação de perdigueiros



no terceiro acto já sabias
distribuir o ódio e
o amor pelo tempo que
sobrava entre cada fala.
a cena fechava com
a ferrugem a arrastar-se
sobre a janela
e os dedos entalados
serviam a dor suficiente;
o mergulhão que se
procura em círculos;
que deixa o corpo
dançar sobre a turbulência
de um charco
tépido. 

não tenho força para
segurar o garfo e a
faca; para levantar a
mão sobre o prato
deslavado. a casa
denuncia um abandono
sistemático e as plantas
mortas entre as pernas;
não só o sexo que sobra
de um vértice; de uma
intersecção de vontades
inoportunas; de tempo
e detergente deitados
sobre as tigelas de
mármore; os livros
e o pó sobre os
candeeiros a libertar
partículas sobre a luz
de uma rusga; um sorriso
em compassos tristes -
apanágio do cinema francês -
no teu regaço, eventualmente,
em que se morre
em contratempo
contra-tempo
contra tempo

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