quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

vastitas borealis

a minha geração
não tem uma guerra colonial;
não matou; não sofreu
excepto a desgraça
de não sofrer nada.

dói-lhe o braço esquerdo
da heroína e os olhos
da escuridão.
o afogamento é uma
dança de silêncios.
de distâncias.
já não chora nem bebe,
nem fuma como antes.
desaprendeu a liberdade
e o amor. soçobrou
no embalo das
casas fechadas; de
mãos cerradas com
crianças dentro
a sorrir.

amorfista militante.
é deus decadente
e restos de sopa.
pão de ontem.
olha-se de lado
excepto quando
a fome; a urgência
de um futuro
se dobra num abraço
mal vestido.
aposta os filhos no casino
e fala de geometria;
de segredos que ninguém
sabe. a felicidade.
uma leve queda para o
fracasso. para a
desmesurada paixão.
para a liberdade
como forma de opressão. 

talvez
a estática da televisão
tenha  1% da origem
do universo.
um pedacinho de
deus sem tempo
e hiper-real que
tropeça na
inexistência
também
da sua gestação. 

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